quinta-feira, 17 de outubro de 2013

CineKriativa: O Tempo e o Vento

Elenco: Fernanda Montenegro, Thiago Lacerda, Cleo Pires, Marjorie Estiano, Paulo Goulart, José de Abreu, Suzana Pires.
Direção: Jayme Monjardim
Gênero: Drama
Distribuidora: Downtown Filmes
Orçamento: R$ 13.000.000
Ano de produção: 2012
Classificação:
 
O filme conta a história da família Terra Cambará e de sua principal opositora, a família Amaral, durante 150 anos, começando nas Missões até o final do século XIX. Sob o ponto de vista da luta entre essas duas famílias, são retratadas a formação do Rio Grande do Sul, a povoação do território brasileiro e a demarcação de suas fronteiras, forjada a ferro e espada pelas lutas entre as coroas portuguesa e espanhola.

Além de ser uma notável história épica, plena de heróis como Capitão Rodrigo e o índio castelhano Pedro Missioneiro, O Tempo e o Vento é uma profunda discussão sobre o significado da existência, da resistência humana diante das guerras. Por isso, para a adaptação cinematográfica, tomamos como estrutura o olhar feminino da quase centenária Bibiana Terra Cambará. Em meio ao cerco do casarão de sua família pelos Amarais, ela se valerá de sua memória, sempre deflagrada em noites de vento, para lembrar e contar sua história e as de seus antepassados. E, assim, resistir ao tempo e protestar contra a morte.

O filme em uma frase:Noite de vento...Noite dos mortos

Com certeza a obra de Érico Veríssimo para mim é um dos melhores clássicos existentes que tenho orgulho e prazer de conhecer. Talvez por se tratar da formação da minha terra Rio Grande do Sul, pelos personagens complexos e apaixonantes ou por todo o ar envolvente eu digo que o Tempo e o Vento é uma obra de leitura obrigatória principalmente para quem é gaúcho.

Quando fiquei sabendo que iam fazer um filme sobre fiquei ao mesmo entusiasmada e temerosa, porque como colocar em uma tela toda a geniosidade da obra sem cortar partes importantes??? Meu excelentíssimo como eu e outro apaixonada por essa obra entao é claro que fomos até o cinema assistir. Gostei sim em partes.


No filme estamos no Sobrado e quem conta a história é Bibiana (interpretada e muito bem interpretada ouso dizer por Fernanda Montenegro), lá ela recebe a visita de seu amadissimo Rodrigo Cambará (pausa para suspiros) e eles começam a lembrar da formação da família Terra-Cambara o que culminou na formação do próprio Rio Grande do Sul. Somos levados para então ao primeiro volume da obra O continente onde conhecemos Ana Terra (interpretada por Cleo Pires) e aqui tenho que comentar que achei que sensualizaram demais a personagem, colocando cenas desnecessárias na trama da história (meu excelentíssimo me disse que era so porque tinha a cleo pires e ela tinha que aparecer nua...vai saber).

Enfim após acontecimentos complicados que não vou contar aqui para não dar spoiler Ana Terra se ve obrigada a se mudar com seu  filho Pedro Terra para onde será futuramente Santa Fé. E lá após algum tempo encontramos Bibiana e a chegada do grande Capitão Rodrigo Cambará (interpretado por Tiago Lacerda) que me convenceu muito bem nesse papel. Afinal o Capitão Rodrigo e um personagem como não há igual na literatura um personagem recheado cheio de complexidades, machistas, conquistador, bravo e lutador e quem não se lembra da cena do capitão chegando a cidade pode dar uma espiadinha no texto abaixo (retirada do Capítulo Um Certo Capitão Rodrigo. Livro O continente):



Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o capitão Rodrigo Cambará entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde,com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida, e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casados trinta, montava um alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal. Tinha um violão a tiracolo;sua espada, apresilhada aos arreios,rebrilhava ao sol daquela tarde de outubro de 1828 e o lenço encarnado que trazia ao pescoço esvoaçava no ar como uma bandeira. Apeou na frente da venda do Nicolau, amarrou o alazão no tronco dum cinamomo, entrou arrastando as esporas, batendo na coxa direita com o rebenque, e foi logo gritando, assim com ar de velho conhecido:
- Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!


E aqui paro para dizer um dos pontos que me deixou muito feliz do filme e que várias falas típicas e famosa do livro foram deixadas o que com certeza me colocou vários sorrisos no rosto. Não posso deixar de comentar também da cenografia linda do por do sol de paisagem avermalhada e do campo aberto de encher os olhos. 


De pontos negativos tenho a ressaltar somente que a história acabou sendo um pouco corrida afinal a obra é grande e não tinha como colocar tudo em um só filme. A visão das mulheres pelo filme também não me agradou muito, pois no filme parece que a unica coisa que elas faziam e esperar algo acontecer, o que na obra é bem diferente no meu ponto de vista, são mulheres fortes e guerreiras assim como os homens machos e altivos. A trilha sonora do final que me desculpem todos mas que deveria ser uma música gaúcha deveria ao invés de uma música internacional (que nem lembro qual era).

Concluindo (e deixando de babar um pouco me passei nessa resenha) é um ótimo filme para todos que gostariam de conhecer um pouco mais sobre a cultura gaúcha e personagens interessantes além de claro como eu comentei acima ser obrigatório para quem é gaúcho. 

 
Curiosidades
1. É apenas o segundo filme dirigido por Jayme Monjardim. O anterior foi Olga (2004).
2. Baseado no livro "O Continente", da série literária escrita por Érico Veríssimo. A trilogia conta ainda com os romances "O Retrato" e "O Arquipélago".
3. Apesar de ser sua estreia no cinema, o livro "O Continente" já foi adaptado duas vezes para a TV, ambas no formato de minissérie, em 1967 e 1985.
4. Foi inteiramente rodado usando câmeras 4K.

Trailer:


E vocês já viram? Querem ver?

7 comentários:

  1. Gostei da dica Raquel. Parece ser um filme extremamente interessante. Beijo!

    www.newsnessa.com

    ResponderExcluir
  2. Oi Raquel, tudo bem?
    Tenho muita vontade de ver esse filme, tenho lido e ouvido só elogios e depois da sua resenha mais ainda.
    Abraços,
    Amanda Almeida
    Você é o que lê

    ResponderExcluir
  3. Oi Raquel, parabéns pela resenha!! Também já assisti esse filme e gostei bastante, fiquei bem feliz por conhecer um pouco mais sobre os gaúchos!! hehe

    Te espero lá no Prólogo da Leitura, até mais!!

    ResponderExcluir
  4. Oi Amiga,
    Bem eu sou uma apaixonada pelo filme, como não conheço a série de livros fiquei embasbacada com a telinha....shahusha....ta assumo que o filme todo ficou maravilhoso por causa da Marjorie, da Fernanda e do Tiago.....nossa pra mim foi perfeito...acho que agora eu vou ter que ler os livros para ver que eles são melhores. Mas claro que Rodrigo Cambará estará sempre e eternamente com o rosto do Tiago Lacerda e que sorriso, e que ironia. Adorei a resenha do filme amiga....amei a parte retira do livro foi a frase de mais efeito no filme pra mim...sahushau....beijokas elis
    http://amagiareal.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  5. Deve ser um filme lindo, Raquel! Adorei a dica! Ainda não vi (e nem li o livro!), mas pelo pouco da resenha dá para ver que os atores são ótimos e a cenografia está incrível! Quero muito ver!

    Beijos,
    Inara
    www.lerdormircomer.com.br

    ResponderExcluir
  6. Adorei o filme, aliás, a história toda é fantástica, mas eu como gaúcho sou suspeito de elogiar hehe

    só tenho uma ressalva, no fim do filme, durante os créditos, deveria ter tocado uma música tradicionalista gaúcha, tipo "Gritos de Liberdade"

    Bjus querida!!!

    ResponderExcluir
  7. Que bom que vc gostou =) confesso que estou meio devagar com o cinema, mas fica a dica né!!!??? Adoro o Thiago Lacerda, acho ele lindo e bom ator; ele está ótimo na novela Joia Rara \o/

    Leituras, vida e paixões!!!

    ResponderExcluir