domingo, 3 de agosto de 2014

Entrevista com Uili Bergamin

Ola Leitores,
Tenho a honra de trazer hoje a entrevista com um dos autores que tive o prazer de conhecer pessoalmente na Feira do livro de Bento Gonçalves. O Uili é uma pessoa muito simpática e acessível, ao conversar com o autor conseguimos sentir seu amor pelas palavras. Espero que gostem e não esqueçam de comentar.
 

 
 
1 -Quem é Uili Bergamin?
Um apaixonado por livros, um grande leitor, antes de tudo. Alguém que tenta aprender e apreender o mundo através da arte, principalmente a da palavra.
 
2- Você lembra quando e como surgiu a sua vocação para a escrita?
No final do ensino médio, quando a impossibilidade financeira e geográfica de continuar os estudos me mostrou que aquela vida não era o bastante. A folha branca se apresentou como uma terceira via possível, entre a mesmice da normalidade e a loucura total.
 
3 - Quantos livros você já escreveu? E quantos já publicou?
A maioria dos livros que publiquei são compilações de textos que fui escrevendo durante esses dez anos de atividade literária, como exercício e prática. Creio que minha única obra realmente planejado foi “Contos de Amores Vãos”, que considero meu melhor trabalho. Tenho hoje 10 livros publicados e um inédito. Dos trabalhos publicados, dois são em colaboração com outros autores.
 
4- Há algum tema específico sobre o qual você goste de escrever.
Não há um único tema, já que escrevo para públicos bem diferentes, desde adolescentes até adultos. O que existe é um modo de ver o mundo, de encarar a realidade. Penso que esse olhar é bastante crítico, às vezes irônico, no intuito de despertar o leitor para uma reflexão sobre fatos de sua realidade  e de sua vida.
 
5- Conte-nos um pouquinho sobre suas obras publicadas.
“O Sino do Campanário” é minha primeira publicação e talvez a mais importante. Foi a que me abriu todas as portas. Trata-se de uma compilação de contos, quase todos com temas espinhosos como religião e traição, às vezes juntas, no mesmo texto. Foi adaptado par ao cinema, esgotou três edições, foi um grande sucesso para os padrões do nosso mercado. Depois veio “Cela de Papel”, uma novela semi-autobiográfica-ficcional. “Do Útero do Mundo” é um livro de poemas. “A Ilha Mágica” é um conto juvenil ricamente ilustrado por Karen Basso. “Contos de Amores Vãos”, como o próprio título acusa, são contos de amores malogrados, cada um deles construído a partir de uma técnica literária diferente. São vinte formas diferentes de narrar. “Tetraedro” é uma compilação de crônicas que publiquei em jornais de Caxias do Sul, juntamente com os escritores Marcos Kirst, Tiago Marcon e Lúcio Saretta. “Luiz Pizetti – Uma consciência que pulsa” é uma biografia que fiz sob encomenda e trata da vida de um comunista perseguido durante o período da ditadura no Brasil. “A Mordaça” também é um livro juvenil, adaptado para o teatro. Tem tudo para ser meu livro mais vendido, logo em breve. Esgotou três edições em um ano. Trata-se de uma distopia, que chama o leitor a refletir sobre o uso indiscriminado das novas tecnologias, em detrimento da humanidade de cada um de nós. “O Suor dos Fortes” é outra compilação de poemas”. E “Histórias de Pescamor” é um livro de contos, resultado de um concurso literário, compilando os textos vencedores. Somos em quatro autores, eu, Francisco Gilson, Monika Papescu e Marta Pulita.
 
6- Como você escolhe os títulos para suas obras?
Depende muito de cada caso. Às vezes o título vem antes do texto. Em outras ocasiões me debato para encontrar o título certo para cada história.

7 - Como foi ver sua obra O Sino do Campanário ir para o cinema?
É sempre emocionante ver nosso texto, aquilo que elaboramos no silêncio e na solidão de um quarto, do escritório ou de uma biblioteca, ganhar vida em outros suportes. Nem sempre as coisas saem como esperamos, mas encaro isso como um aval de qualidade, já que encantou outros artistas a ponto de quererem transformar nossa criação em outra arte, no caso o cinema. Tive o privilégio de ver minhas obras adaptadas também para o teatro, para as artes visuais, peças radiofônicas, espetáculos de dança e outras plataformas.
 
8 - Como é o seu processo criativo?
Caótico e totalmente indisciplinado. Não tenho regra nem horário para escrever, infelizmente. É algo que tenho como meta melhorar em mim. Meu principal desafio é arrumar tempo e ordená-lo, já que trabalho em muitas frentes: escrevo para periódicos, ministro palestras e oficinas, trabalho na Biblioteca Pública, participo de eventos literários. Escrevo quando consigo, da maneira que der.
 
9 - Quando você escreve, já sabe qual será o desfecho da trama ou a história dita as regras?
Também varia, assim como a escolha dos títulos. Às vezes tenho o esqueleto pronto, e vou preenchendo com músculos, carne, órgãos, seguindo perfeitamente o roteiro pré-estabelecido. Outras vezes a história me surpreende e me guia por caminhos desconhecidos.
 
10 - Você acha que a literatura Brasileira está sofrendo uma mudança  atualmente, as pessoas estão prestigiando mais os autores nacionais?  E como anda a qualidade de nossas histórias?
Acho que tem muita gente boa escondida por aí, que precisa ser descoberta. Alguns movimentos começam a expor um pouco dessa produção, mas é preciso fazer mais, movimentar mais. O leitor brasileiro ainda olha com desconfiança para o escritor nacional e privilegia os best-sellers estrangeiros.
 
11 - Você está trabalhando em algum novo projeto atualmente?
Sim, estou escrevendo outra biografia encomendada, com previsão de lançamento para o ano que vem.
 
12 - Que conselho você daria a pessoas que estão começando a escrever  suas próprias histórias?
Ler muito é minha dica. Se a pessoa se propõe a escrever poemas, tem que ler o grandes poetas. Se for romance policial, leia os mestres. É preciso um pouco mais de humildade aos autores neófitos. Ninguém nasce sabendo. Beber na fonte límpida é o segredo da boa escrita.
 
Para você:
Escrever é... me compreender melhor e compreender o mundo.
Livros são... um veículo, um meio para me ajudar nessa compreensão do mundo.
Inspiração Literária... é só 10%. O resto é transpiração.
Um livro: O Vermelho e o Negro
Um personagem: Dom Quixote
Um(a) autor(a): José Saramago
Um Sonho... Ter meus livros traduzidos e distribuídos em vários países.

Quer deixar um recado para os leitores?
Prestigiem os autores locais. Deem livros de presente. Livro é o presente inteligente. Dar livros para alguém é uma forma de elogiar o presenteado.
 
Quero agradecer ao Uili pelas respostas e desejar muito sucesso na sua carreira.

Abaixo deixo o endereço do blog do autor para quem quiser mais informações ou entrar em contato: www.uilibergamin.blogspot.com
 
 

Um comentário:

  1. Adorei conhecer melhor o autor! Muito querido ele :)

    Beijos
    Nati

    www.meninadelivro.com.br

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